Em comunicado, a Associação Médica de Londrina cobra a secretaria Municipal de Saúde sobre a etapa de vacinação dos médicos (associados ou não), conforme período, logística e número de doses disponíveis e estabelecidos pelo Plano Municipal de Vacinação. O argumento é que os médicos de consultórios privados atendem pacientes com Covid-19, mesmo não estando dentro de hospitais. Segundo dados da SMS Londrina, no município são 25 mil profissionais de saúde, mas até agora a cidade recebeu pouco mais de 15 mil doses. O cronograma de imunização em laboratórios da rede privada, clinicas particulares e no ambulatório da Unimed ainda não teve início.
A reportagem da FOLHA apurou que em hospitais de alta complexidade de Londrina alguns profissionais de saúde e do setor administrativo que não estão na linha de frente da Covid-19 foram imunizados na última semana porque teriam “sobrado doses”. Eles não podem ser considerados fura-filas porque estão dentro do primeiro grupo, mas acabaram sendo imunizados antes de profissionais do ambulatório da Unimed que atendem suspeitos e confirmados da doença diariamente.
Para a presidente da AML, Beatriz Tamura, apesar de muitos profissionais médicos não estarem na rotina do dia a dia de hospitais, UBS e UPAS ou serviços públicos eles atendem da mesma forma seus pacientes com a infecção em consultórios, laboratórios e centros médicos especializados. “São médicos que têm feito acompanhamento de paciente Covid-19 que está em isolamento domiciliar, mas que em algum momento esteve no consultório médico e recebeu atendimento e orientações. Ou seja, eles também atuam para desafogar o atendimento do SUS”
DIRECIONAMENTO – Segundo a médica, dentro dos próprios hospitais (públicos, filantrópicos e privados) é preciso dar um direcionamento mais adequado diante do número pequeno de doses. “Acredito que todos estejam alinhados a isso. O que nós queremos pontuar é o respeito às prioridades. Queremos que a secretaria e autoridades entendam que há profissionais de linha de frente fora do ambiente hospitalar”
Outro objetivo da AML é contribuir com a Secretaria de Saúde oferecendo a sede da entidade como local de vacinação aos profissionais médicos que não estão na rotina do dia a dia de hospitais. “Queremos vacinar médicos dando prioridade a especialidades como clínicos gerais, pneumologistas, infectologistas e pediatras que não estão com vínculo com hospitais.” Beatriz disse que a AML não recebe denúncia, mas muitas queixas de associados que pontuam críticas aos critérios adotados. “Diante do número de doses, não é possível que profissionais que estão em home office entrem na fila antes. São questões que nos colocam um ponto de interrogação. Será que não está na hora de vacinar profissionais que estão nas clínicas particulares atendendo diretamente Covid?”
SEGUINDO O PLANO – Procurado pela FOLHA, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, disse que o município está seguindo estritamente o que diz o plano nacional de imunização. “Todos esses profissionais são prioridades dentro da primeira fase, entretanto, mas há um escalonamento. Vai chegar o momento de médicos de consultórios e clínicas. Ainda não temos 25 mil doses que me permita me fazer o cronograma antecipado, a gente está trabalhando com o que tem”.
Sobre o critério adotado por hospitais, Machado disse que é de responsabilidade de cada estabelecimento encaminhar a lista dos que estão na linha de frente. “Nós não temos acesso nominalmente dos profissionais que estão no atendimento presencial. O que nós esperamos é que o hospital tenha boa fé nesta execução”. Segundo ele, o Hospital Universitário, por exemplo, manda lista com 4 mil pessoas, mas até agora recebeu 2,6 mil doses. “Nós não estamos atendendo integralmente à solicitação. Estamos atendendo parcialmente com lista de nominal, dentro dos critérios de priorização”
O secretário de Saúde garantiu que os profissionais da rede particular (ambulatório da Unimed que atende Covid, atendimento domiciliar de casos respiratórios e o serviços de ambulância) começam a ser vacinados nesta semana. Ele inclui ainda na lista cerca de 100 técnicos de laboratórios privados que colhem exame Swab.
Fonte: Folha de Londrina – edição 28/01/2021