Diagnóstico de fibromialgia ainda é um desafio para a medicina

fibromialgia
Dr Fábio Trevisan, associado AML e especialista em Medicina da Dor (arquivo pessoal)

Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia, celebrado em 12 de maio, chama a atenção para a importância de conhecer mais sobre a doença 

A fibromialgia é uma doença crônica, muitas vezes incapacitante, que acomete de 2% a 5% da população brasileira. Muito embora tenha critérios de diagnóstico bem estabelecidos, ainda é comum pacientes peregrinarem por vários profissionais sem descobrir que são portadores desta síndrome que causa dores no corpo, fadiga, sono não reparador e sintomas psicológicos.

Para alertar profissionais de saúde e a comunidade sobre a importância de diagnosticar e tratar a doença, há dois anos foi instituído o dia 12 de maio como o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia.

Para o médico especialista no tratamento da dor, Fábio Trevisan, responsável pelo Instituto Trevisan, o diagnóstico correto e o tratamento individualizado, baseado no conceito de medicina de precisão, são fundamentais para garantir ao paciente a chance de viver com qualidade de vida.

Dr. Fábio Trevisan é formado em Anestesiologia e Medicina Avançada da Dor pelo Hospital Sírio-Libanês e pela Harvard University. Ele criou  “O mapa da vida sem dor”, um método personalizado de tratamento da dor crônica que irá mostrar o caminho, conduzir e ajudar o paciente a transformar o seu estilo de vida, a se libertar definitivamente da dor crônica e a conquistar uma nova vida com muito mais qualidade, autonomia, longevidade e bem-estar.

O que é fibromialgia?

Dr Trevisan explica que a fibromialgia é uma síndrome com CID próprio e critérios de diagnóstico definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia desde 1990. Entre os principais sintomas estão:

  • Dor crônica, difusa pelo corpo, com 18 pontos dolorosos, a maioria ao mesmo tempo e com manifestações diárias.
  • Fadiga crônica, que resulta em acentuada falta de energia.
  • Sensação contínua de cansaço físico.
  • Sono não reparador.
  • Alterações cognitivas, como lapsos de memória, déficit de atenção, esquecimento e dificuldade para se concentrar.
  • Transtornos relacionados à depressão e ansiedade.
  • Também são sintomas, mas com menor incidência, a enxaqueca, alterações intestinais e síndrome das pernas inquietas.

A maioria  dos pacientes apresenta sintomas associados, mas não é incomum que apresentem apenas a dor ou, ao contrário, os outros sintomas mais pronunciados.

Diagnóstico clínico

A falta de diagnóstico preciso da fibromialgia é um dos maiores desafios enfrentados pelos pacientes. Embora seja uma doença reumatológica comum, que acomete principalmente pessoas de 20 a 40 anos (com maior incidência entre mulheres), ainda é recorrente que os pacientes passem por diferentes especialistas sem chegar a uma solução para o incômodo.

A dificuldade de diagnóstico explica também a discrepância entre a incidência da doença no Brasil (até 5%) e no mundo (até 20% da população mundial sofre com fibromialgia).

Por ser uma doença reumatológica, a fibromialgia necessariamente apresenta quatro características:

  • É uma doença crônica.
  • É progressiva, ou seja, evolui com o tempo sem tratamento.
  • É degenerativa.
  • Não tem cura.

A degeneração na fibromialgia é difícil de identificar, pois manifesta-se de forma invisível, insidiosa e afeta a cognição. Trevisan explica que o paciente com a doença apresenta a chamada névoa cognitiva, com déficit de atenção, dificuldade de concentração e lapsos de memória. Por tudo isso, a fibromialgia pode ser incapacitante, pois a pessoa se torna cada vez menos produtiva, inclusive esquecendo coisas básicas do cotidiano.

Ele faz um alerta aos médicos e aos pacientes: os critérios de diagnóstico da fibromialgia são claros e dependem apenas da interpretação clínica, visto que não existem exames laboratoriais ou de imagem que confirmem a suspeita da doença.

Por isso, é fundamental que o médico converse com o paciente e faça boa anamnese para verificar se os sintomas correspondem aos critérios diagnósticos.

Tratamento depende de mudança no estilo de vida

Como a fibromialgia é uma síndrome dolorosa, o profissional mais adequado para tratá-la é o especialista em dor crônica. O tratamento para a doença é contínuo e ocorre em duas etapas. Na primeira delas, o médico se concentra em interromper a crise de dor para que os próximos passos sejam dados.

Depois de interromper a crise, o tratamento passa a ser contínuo. “Fibromialgia não tem cura, mas tem controle e remissão. É possível viver sem dor e com qualidade de vida”, avisa o especialista.

O uso da medicação para conter a dor é importante, mas depende da indicação da opção mais adequada a cada paciente. O processo tem que ser personalizado, de acordo com os preceitos da medicina da precisão.

Outro pilar importante do tratamento – talvez o mais fundamental – é a mudança no estilo de vida. Trevisan alerta que o paciente de fibromialgia só consegue entrar em remissão se incluir na rotina a prática constante de atividade física, alimentação anti inflamatória (o que implica em evitar alimentos inflamatórios como glúten, açúcar e lactose), investimento na saúde do sono (estratégias para dormir melhor e acordar descansado) e gerenciamento do estresse.

Tratamentos intervencionistas, com técnicas e ferramentas que ajudam a controlar a dor, também são indicados. Existem terapias injetáveis com suplementos que causam efeito rápido na redução das inflamações. Outra opção são os bloqueios anestésicos nos pontos de dor com toxina botulínica, ondas de choque e laser de alta intensidade, entre outros exemplos.

A hormonologia, que usa hormônios como cortisol, vitamina D e melatonina no controle da dor, é uma tendência que vem recebendo bastante atenção dos pesquisadores, com bons resultados.

Ao receber um diagnóstico de fibromialgia, o paciente precisa decidir mudar de vida. Afinal, conforme Trevisan, a diferença entre quem vive bem e quem continua no ciclo da dor é a decisão de mudar. “Não existe pílula mágica”, diz.

Muito embora o comprometimento do paciente seja imprescindível, a atuação do médico é fundamental. “É nossa obrigação tornar a jornada mais simples para o paciente, para que conquiste uma nova vida sem dor, com mais autonomia, longevidade e bem-estar.”

Por: Comunicação AML – Divulga e Infinita Escrita

comunica.aml@aml.com.br

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