Paraná em estado de alerta. Londrina tem maior número de casos suspeitos: 7.411

DECRETO – 


Com 800 notificações por dia, Paraná decreta estado de alerta

Na quinta-feira (13), o governador Ratinho Junior assinou um decreto que coloca o Paraná em estado de alerta de epidemia por dengue, em consequência da alta incidência de casos entre agosto de 2019 até o dia 11 de fevereiro: 149,53 por 100 mil habitantes. O parâmetro é do Ministério da Saúde que considera situação de alerta de epidemia quando o espaço geográfico atinge o índice acumulado entre 100 a 299,99 casos por 100 mil habitantes. Este cenário transformou as ações de combate à dengue como política de Estado.

Essa afirmação é do secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, que esteve na redação da FOLHA nesta sexta (14/02). De acordo com ele, as regionais de saúde que inspiram mais cuidados são: Paranavaí, Cianorte e Umuarama, no Noroeste; Campo Mourão, no Centro-oeste; o Norte Pioneiro e as cidades de Maringá e Londrina. “São localidades onde temos calor e chuvas rápidas formando a temperatura ideal para a eclosão das larvas do mosquito. A partir da semana que vem vamos intensificar o trabalho em Paranavaí porque hoje 40% dos casos estão lá”, disse.

Com o decreto, o governo estadual anuncia ações emergenciais como o reforço nos arrastões técnicos (mutirões), a ampliação do número de leitos para atendimento de casos mais graves, capacitação de profissionais da saúde quanto ao manejo clínico da doença e um “socorro” financeiro. “Na semana que vem vamos nos reunir com todos os gestores de saúde e anunciar a destinação de recursos para os municípios que estão em epidemia, visando principalmente a contratação de profissionais e a compra de alguns insumos (soro, medicações) para municípios que estão com licitações em aberto”, afirmou.

Sobre o inseticida Malathion (que deixou de ser distribuído aos municípios por recomendação do Ministério da Saúde diante da resistência do Aedes aegypti), Preto disse que a substância em estoque passou por uma nova mistura e foi repassado aos estados até que o novo veneno – Cielo – seja repassado pelo governo federal. A expectativa é que o Paraná receba o produto em março e que a taxa de efetividade ultrapasse 70%.

“O Malathion ainda tem 30% de eficácia após cinco ciclos de aplicação. Nós recebemos 19 mil litros, sendo que dois mil foram para a região de Londrina”, comentou. Segundo a chefe da 17ª Regional de Saúde, Maria Lúcia da Silva Lopes, Londrina recebeu 600 litros do inseticida, que será utilizado por meio de bombas costais. “Esse método tem mais eficácia, apesar do maior tempo de aplicação, pois a aplicação é direcionada”, justificou.

O secretário de Saúde de Londrina, Felippe Machado, relatou que na quarta-feira (12/02) foi aplicado o Malathion no Jardim Alpes (zona norte). Ao todo, o município conta com nove equipamentos (bombas costais) para cobrir toda a cidade.

Boletim epidemiológico – O último boletim epidemiológico divulgado na terça (11/02) pela Sesa (Secretaria de Saúde) aponta que, dos 399 municípios paranaenses, 236 têm casos confirmados, somando 20.563 registros da doença. Já o número de notificações chega a 64.825. O levantamento considera o período de agosto de 2019 a 11 de fevereiro de 2020.

Os municípios com maior número de casos suspeitos são Londrina (7.411), Foz do Iguaçu (5.287) e Paranavaí (4.327). Na abrangência da 17ª RS, que engloba 21 municípios, são 13.204 notificações e 1.668 confirmações. Somente em Londrina, são 639 casos confirmados e quatro mortes suspeitas por dengue estão em investigação.

O secretário de Saúde enfatizou que a dengue é discutida no Estado há 25 anos e que por isso já havia uma expectativa sobre a circulação do vírus em 2019 e início de 2020.  “O fato é que temos agora a circulação do sorotipo 2, que já circulou no Paraná 15 anos atrás e agora volta dominando a cena. Ele não é mais grave, os sintomas são os mesmos, só que quem tem dengue pela segunda vez tem a possibilidade de ficar mais debilitado. Dos casos confirmados hoje no Paraná, 80% são do tipo 2”, detalhou.

Em relação aos óbitos, incluindo possíveis vítimas mais jovens, pois os casos ainda estão em análise, Preto, que é médico formado pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), diz que a virulência (força) é diferente para cada organismo. “Estamos falando de uma população que não tem imunidade para esse sorotipo. Pode ser também que essas pessoas tenham tido um quadro brando de dengue anteriormente e, na segunda vez agora, ela se manifesta mais forte”, pontua.

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