Primeiro imunizante de dose única no país começa a ser aplicado em Londrina

O primeiro lote com 3.880 doses da vacina da Janssen começa a ser utilizado nesta primeira semana de julho em Londrina, para aplicação em caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo e rodoviário, além das pessoas em situação de rua. O imunizante de dose única oferece proteção é de até 88% contra casos graves da doença. Desta forma, além das três vacinas já utilizadas no PNI na cidade – Coronavac, AstraZenica e Pfizer – Londrina passa a oferecer também o primeiro imunizante com dose única que chega ao Brasil.

Muito conhecida pelos produtos farmacológicos e de higiene, a Johnson & Johnson, através do seu braço farmacêutico Janssen, surpreendeu e saiu à frente de muitas fabricantes de vacinas renomadas, como a Sanofi Pasteur e GSK, em 2020. De origem belga-americana, a Janssen produziu a vacina de vetor viral não replicante em uma parceria com o Centro Médico Beth Israel Deaconess, um dos mais renomados centros hospitalares de estudo, ligado à Escola de Medicina de Harvard.

Chega aos braços dos brasileiros uma vacina cuja eficácia global, calculada a partir de um ensaio clínico de fase 3 conduzido simultaneamente em oito países, incluindo o Brasil, foi de 66% -uma taxa considerada excelente para uma vacina de apenas uma dose. A vacina oferece ainda uma proteção de 82% contra casos graves 14 dias após a aplicação e de até 88% com 28 dias ou mais. Saiba mais.

Como funciona a vacina da Janssen? – Chamada de Ad26.CoV2.S – abreviação para adenovírus 26 Sars-CoV-2 proteína S -, a vacina é produzida a partir do adenovírus 26 (vírus de resfriado comum) modificado. Os cientistas inseriram no material genético do adenovírus a sequência responsável por codificar a proteína S (a espícula do vírus utilizada para entrar na célula do hospedeiro). O adenovírus também é modificado para ser incapaz de se replicar.

Dentro do organismo, o adenovírus modificado entra nas células humanas e libera o seu material genético no núcleo celular. Ali, o código genético é lido e transformado em RNA mensageiro, que vai então ser transcrito para produzir a proteína S. A célula então passa a exibir uma estrutura igual à proteína S na membrana celular. O sistema imune reconhece essas partes do vírus como um potencial invasor e começa a produzir anticorpos específicos e células de defesa. Ao entrar em contato com o vírus verdadeiro, o organismo já estará preparado para combater o patógeno.

Quão eficaz é a vacina? A vacina da Janssen eficácia global de 66% tem contra casos sintomáticos de Covid 28 dias após a imunização (66 casos nos indivíduos vacinados contra 193 no grupo placebo). Os dados foram publicados em artigo na revista científica The New England Journal of Medicine (NEJM), uma das mais importantes da área médica.

O estudo avaliou mais de 44 mil participantes em oito países: África do Sul, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, EUA, México e Peru. Separadamente, a eficácia da vacina nos países latino-americanos foi igual, de 66%; nos EUA, é de 74,4%; e na África do Sul, ela é de 64% contra casos moderados a graves de Covid. Já em relação à proteção contra hospitalização, a vacina apresentou uma eficácia 28 dias após a aplicação de 86% nos Estados Unidos, 88% no Brasil e 82% no subgrupo sul-africano. Não houve uma eficácia calculada de proteção contra mortes porque o número de óbitos foi muito baixo. Na África do Sul, onde ocorreram 16 óbitos -nenhum no grupo vacinado-, a eficácia foi estimada em 100%.

A vacina é segura? Nos estudos de fase 3, a vacina da Janssen apresentou a menor taxa de efeitos adversos em comparação aos outros imunizantes testados, e 48,6% dos participantes reportaram efeitos leves, como dor no local da aplicação. O segundo efeito colateral mais frequente foi dor de cabeça (38,9%), e apenas 0,4% relataram eventos adversos graves, com necessidade de hospitalização.

Outras vacinas em uso no Brasil apresentaram nos ensaios clínicos maior frequência de efeitos colaterais, a maioria de leve a moderado. No caso da Coronavac, 71% dos participantes do estudo feito no país reportaram efeitos leves após a vacina. A vacina da Pfizer teve como principais efeitos dor após a injeção (71% para primeira dose e 78% após a segunda dose), fadiga (59%) e dor de cabeça (52%). Já nos estudos da Oxford/AstraZeneca, relataram efeitos colaterais 88% dos participantes com idade entre 18 e 55 anos, 73% daqueles com 56 a 69 anos e 61% dos participantes com mais de 70 anos.

Nos estudos de fase 3, a Janssen apresentou a menor taxa de efeitos adversos em comparação aos outros imunizantes.

Fonte: Folha de Londrina, em 30 junho de 2021

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